terça-feira, 8 de maio de 2007

ODOR & COMUNICAÇÃO



Radicada em Berlim, a norueguesa Sissel Tolaas, que pesquisa a relação entre odores, linguagem e comunicação humanas, desde 2005 se dedica a estudar e reproduzir sinteticamente o "cheiro do medo".

Em 2006 Tolaas criou uma experiência odorífica bastante curiosa na exposição Sensorium: Embodied Experience, Technology, and Contemporary Art, no MIT List Visual Arts Center, evento cujo objetivo foi investigar se os avanços tecnológicos na pesquisa de periféricos para aromatizar a interface digital e tecnologias hápticas seriam capazes de desbancar a predominância da visão sobre os demais sentidos. Tradicionalmente, afinal, pela dificuldade de expressar descrições precisas, a cultura humanista tem associado visão à razão, esclarecimento e ao mito do progresso, enquanto o olfato foi relegado ao primitivo, à base animal.



Toolas recolheu amostras do odor exalado pelas axilas de nove voluntários considerados fóbicos em estado de pavor, recobrindo uma parede inteira com o cheiro que, apesar de impregnar o ambiente, funcionou como uma gigantesca cartela de odorama ativada pela manipulação dos visitantes. A variedade de odores - decerto não muito agradáveis - era impressionante. Segundo Toolas, somos condicionados a execrar determinados aromas, digamos, invasivos, e na complexa relação entre cheiro, emoção e memória, entre os odores favoritos se incluem o perfume de flores ou de pão fresco, enquanto aqueles considerados desagradáveis em geral são associados ao corpo.



A identidade dos homens foi mantida em sigilo, já que, de acordo com Toolas, a obra apenas trata do corpo como ferramenta de comunicação, do que acontece quando o corpo fala através do odor.



Recordar é viver:
A lendária cartela de odorama usada nas exibições de Polyester (John Waters,1981), o primeiro filme "com cheiro":http://www.kulture-void.com/motion/swelter_in_vogue/polyester.html

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