Imagine se tivéssemos o sentido wireless. As pontas de nossos dedos poderiam ser leds verdes e conforme a recepção eles iriam se acendendo para indicar a intensidade do sinal - nada original, isso tem no “I'm a cyborg but that's ok”, do Chan-Wook Park, e qualquer um pode comprar uma camiseta Wi-Fi por US$ 30 e ficar piscando por aí nas ruas.
Morcegos ouvem freqüências que estão fora do nosso alcance auditivo. Baleias têm o sentido do sonar apurado. Tartarugas sentem o campo magnético da terra. E por que nós, humanos, temos somente cinco sentidos? Que outros sentidos humanos estariam adormecidos em nós, ou que poderiam simplesmente ser aprendidos?
O cientista Peter König, da Universidade de Osnabrück, na Alemanha, desenvolveu um cinto que estimula o “sentido cardeal”. Ele é usado como qualquer outro cinto, embora seja largo e cheio de fios, possui 13 pequenos vibradores elétricos e um sensor que detecta o campo magnético da Terra. O vibrador que aponta para o norte não vibra. Udo Wätcher usou o cinto durante seis semanas. No começo achou muito estranho, mas em pouco tempo já tinha criado um mapa mental da cidade, dos lugares que freqüentava, e sempre sabia encontrar um caminho para sua casa. Mesmo retirando o cinto para dormir, Wätcher sonhava com os pontos vibrando em sua cintura. Senso de direção não é um sentido inato para os humanos, mas para König ele pode ser aprendido. Depois de retirar o cinto, Wätcher disse que se sentiu perdido. Em alguns momentos ele sentia até uma vibração fantasma. Seu cérebro havia sido remapeado na expectativa daquele input.
Numa outra tentativa de criar extra-sentidos para a humanidade, uma equipe de cientistas da Universidade de Wisconsin, inspirada nos estudos iniciados por Paul Bach-y-Rita, nos anos 80, criou um sensor com 144 minúsculos eletrodos que recebiam informações via pulsos elétricos e ficava localizado na boca. Este estudo foi realizado entre pessoas que tiveram problemas no ouvido, lesando o sentido periférico que temos nessa região – que é considerado nosso “quinto e meio” sentido. Os eletrodos desenhavam um quadrado na língua. Inicialmente, indicavam a direção – movendo-se para a direita ou para a esquerda, o quadrado movia-se para aquela direção. Posteriormente, para incrementar a experiência, eles passaram a transmitir mais informações para o sensor. Usando óculos com uma câmera instalada na haste, era possível caminhar em qualquer ambiente, com os olhos fechados, sem esbarrar em qualquer móvel ou parede. O desenho do ambiente era captado pela câmera e transferido para a língua. Quem testou achou desconfortável no começo, mas experimentou o esforço do cérebro em reconhecer o ambiente e criar um largo campo de visão. Como se fosse um radar.
Essas histórias e outras podem ser lidas na matéria Mixed Fellings, da Wired Magazine. Depois de vivenciar algumas pesquisas, o autor da matéria, Sunny Bains, concluiu que todo novo sentido experimentado hoje provém dos aparatos tecnológicos criados pela ciência e que os cientistas só matarão a charada dos extra-sentidos quando descobrirem como o cérebro processa a informação, mesmo que ela venha de “tipos diferentes de olhos”.
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